Guarda Municipal de Taboão da Serra leva orientações de cidadania e prevenção para dentro das escolas
A Guarda Civil Municipal de Taboão da Serra passou a atuar também dentro das salas de aula com o projeto Com Sonho do Amanhã, voltado para alunos do 5º ano do Ensino Fundamental. A iniciativa, que ainda está em fase experimental, já atende cerca de 320 crianças em três escolas localizadas na periferia da cidade: EMEF Anísio Dias, EMEF Mafalda e EMEF Heitor Villa-Lobos.
Dentro das salas, os responsáveis pelo trabalho pedagógico são os guardas civis Demetrio Aparecido Vieira de Lima, com 23 anos de corporação, e Gabriel Ferreira, que atua na GCM há seis anos. A proposta é simples, mas transformadora: promover o diálogo, orientar crianças de 9 a 11 anos sobre cidadania, prevenção a acidentes domésticos, perigos do uso do cerol e convivência social.
“Estamos desconstruindo aquela imagem de que a guarda é distante da comunidade. Agora, as crianças sabem quem somos, e isso também aproxima os pais. A receptividade tem sido ótima”, explica Demetrio.
A iniciativa oferece uma cartilha com conteúdos didáticos, um caderno individual e até momentos cívicos com o hino nacional. Ao fim de cada aula, os alunos respondem a um teste. A previsão é que, ao final dos seis meses de curso, eles passem por uma avaliação e participem de uma formatura.
As aulas acontecem de segunda a sexta-feira, com dedicação integral dos guardas: uma escola no período da manhã e outra à tarde. “É um trabalho contínuo e tem dado muito certo”, reforça Gabriel.
Além da prevenção, o projeto também funciona como canal de escuta. Muitas crianças compartilham vivências difíceis.
“Algumas falam de tios que cometem delitos, de parentes que usam drogas. A gente tenta aconselhar da melhor forma, mostrar que existem outros caminhos”, diz Gabriel, que guarda na memória sua própria experiência como aluno de um projeto semelhante, o PROERD.
“Eu cresci em comunidade e sempre tive uma visão diferente da polícia. Esse projeto mudou minha vida. Hoje sou guarda por causa disso.”
O cerol, um dos temas abordados, é tratado com seriedade nas aulas. Apesar de não haver dados oficiais da Secretaria de Saúde sobre a incidência, o uso de cerol é proibido por lei municipal e pode ser enquadrado como crime.
O trabalho da Guarda também tem se mostrado acolhedor para crianças com necessidades específicas. Demetrio contou sobre um episódio recente envolvendo Guilherme, um aluno autista, que durante uma atividade com viaturas escapou da sala e entrou no carro da GCM.
“A mãe veio aflita e, quando me viu, disse: ‘Ainda bem que você sabe lidar com ele’. Eu pedi apenas o nome. Sentei com ele no cantinho e tudo fluiu”, narra. O acolhimento não foi por acaso: por incentivo de colegas da corporação, Demetrio fez uma pós-graduação em autismo.
“É um projeto muito promissor”, finaliza o guarda, emocionado. Para ele e para Gabriel, plantar boas sementes no coração das crianças é mais do que missão: é propósito de vida.
Da Redação do Jornal na Net